Trabalho apresentado no Expocom alerta sobre saúde mental e educação

TEXTO: Renan Caetano
REVISÃO: Vinícius Batista

A saúde mental dos universitários precisa de atenção. A partir do áudio-documentário
“Naufrágio”, alunos mato-grossenses de jornalismo alertam a comunidade acadêmica sobre a
crescente de casos de ansiedade, depressão e crises de pânico entre os estudantes, e a
responsabilidade da universidade diante desse problema. O trabalho foi apresentado durante
a 47ª edição do Intercom, sediada na Univali, em Balneário Camboriú.

Sufocamento, desespero, desnorteio. Os testemunhos que Isabelly Pinheiro, Rian Bispo, Itania
Macedo e Victor Hugo Nascimento ouviram nas entrevistas, durante a pesquisa, se
assemelham aos de vítimas de um naufrágio e faz jus ao nome do trabalho. Os alunos da
Universidade do Estado do Mato Grosso – Unemat coletaram, através de um formulário,
respostas anônimas de 128 acadêmicos. Dois deles foram entrevistados presencialmente.
Todos alegaram enfrentar problemas de saúde mental.

Entre os depoimentos do trabalho, um se destaca. Na resposta do formulário, o aluno relatou
o questionamento que recebeu de um professor: “Mas o que você faz entre 00:00 e 06:00?”.
Entre tantas respostas, a maioria alega preocupações financeiras, pressão dos professores e,
por virem de outros estados, falta de redes de apoio familiar. Além disso, foram muitos os
desabafos sobre a falta de tempo e dinheiro para a saúde e lazer. A distância entre o campus e
o restante da cidade foi outra questão indicada, por tornar a rotina, muitas vezes,
insuportável.

“Naufrágio” também é um pedido de socorro para as instituições acadêmicas. Os estudantes
utilizaram do trabalho para reivindicar ações das universidades no apoio à saúde mental dos
seus alunos. Eles indicam a falta que os estudantes do campus de Tangará da Serra estão
sentindo de serviços de psicólogo para os alunos.

O projeto já mostrou resultados entre os comportamentos de frequentadores do campus de
Tangará da Serra. Os pesquisadores contam que, após terem contato com “Naufrágio”, alguns
professores reconheceram a pressão exacerbada que poderiam ter exercido sobre alguns
alunos e passaram a dosá-la de forma mais ponderada. Com impactos além do campus, o
trabalho também gerou depoimentos de parentes de alunos, que afirmaram mudar suas
perspectivas sobre os problemas com saúde mental, e passaram a legitimá-los e a olhar para
eles com mais cuidado.

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