Os riscos da desigualdade em tempos de desinfodemia

Em tempos de desinformação e inteligência artificial, diversos são os questionamentos levantados sobre o papel da comunicação neste cenário e quais os caminhos para enfrentar essa realidade. Algumas reflexões e ações foram apresentadas durante os ciclos de estudos do Intercom 2024. A presidente da Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação, Madalena Oliveira, defendeu em sua fala a necessidade da reabilitação do pensamento humano. Segundo a pesquisadora, o grande risco das IAs é que dispensam o ato de pensar dos seres humanos. 

“Sem a capacidade de pensar, serão estéreis todas as estratégias de combate à desinformação e à desigualdade”, alerta ela. Por isso, é preciso reabilitar o pensar. Para esse reequilíbrio, o papel da comunicação seria o de uma nova ecologia que favoreça o tempo lento e alivia a pressão sobre a informação. O atual regime de aceleração da comunicação é inimiga do pensar e trabalha em uma lógica que favorece a desinformação.

Neste sentido, Raika Julie Moisés, representante do grupo de estudos Muniz Sodré e do Instituto Serrapilheira, destacou o papel da comunicação como ponte para a superação do atual estágio informacional. A pesquisadora destacou que as IAs não são ferramentas neutras e estão totalmente voltadas para o lucro. “Não podemos negá-las, mas não podemos validar essas ferramentas mais do que nossa prática coletiva de reflexão e percepção do comum”.

Raika acredita ainda que a comunicação é peça relevante para minimizar as desigualdades. “Não sei se é possível superar as desigualdades. O racismo, por exemplo, atravessa todas as vertentes. Isso não impede que as práxis de comunicação tenham feito movimentos relevantes para minimizar essas desigualdades”.

Ações de combate à desinformação no Ministério da Saúde

Uma série de ações práticas no combate à desinformação foi apresentada por Edgard Rebouças, gerente de projetos do Núcleo de Comunicação da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde. Com o objetivo de enfrentar os efeitos do movimento antivacina no país e recuperar as coberturas vacinais, principalmente no público infantil, diversas estratégias foram adotadas na comunicação do Ministério.

Edgard destacou que o governo apostou na comunicação como parte fundamental para a recuperação das coberturas de vacina no país. Neste sentido, lançou uma série de campanhas e peças comunicacionais que buscam conversar com a comunidade brasileira de formas diversas. “Colocamos em prática diversos conceitos que são debatidos nos congressos do Intercom há décadas. O que aprendemos ao longo dos anos nas discussões que tivemos nos grupos de pesquisa neste evento estamos procurando colocar em prática em nosso trabalho na comunicação do Ministério da Saúde”, explica Edgard.

A mesa de debates foi mediada pela vice-presidente do Intercom, Ariane Pereira.

   

Fotos: Eduardo Gomes

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