Mesa redonda do Lusocom aborda conversa sobre comunicação, meio ambiente e mudanças climáticas

Texto: Priscilla Gomes
Revisão: Carlos Roberto Praxedes

A Federação Lusófona de Ciências da Comunicação (Lusocom) realizou uma mesa redonda sobre comunicação, meio ambiente e mudanças climáticas, na tarde desta segunda- feira, 2. O evento contou com a mediação do professor Antônio Hohlfeldt, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).

Entre os participantes estavam Anabela Carvalho, da Universidade do Minho, Portugal; Ilza Maria Tourinho Girardi, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); e Celestino Vaz Tomás Jone Joanguete, pesquisador e professor de Moçambique. Cada convidado teve 15 minutos para apresentar suas perspectivas sobre o tema.

A professora Anabela Carvalho participou de forma remota e abordou questões relacionadas às mudanças climáticas e ao ativismo digital. Em sua fala, Carvalho enfatizou a necessidade de “conhecimento e consciência do problema”, destacando a urgência de realizar “mudanças profundas no âmbito social” para enfrentar a crise ambiental.

De acordo com Anabela os jovens precisam ser engajados nas discussões que envolvem as políticas públicas e as alterações climáticas. Ela também destacou as múltiplas formas de obstrucionismo dos meios de comunicação em relação às pautas ambientais, ou seja, a prática de criar obstáculos e empecilhos no tratamento das reais condições climáticas mundiais por parte da mídia. 

Segundo ela, existe uma macro narrativa em torno do desenvolvimento sustentável na qual temas como proteção ambiental com crescimento econômico e justiça social, deixam de lado o desenvolvimento sustentável. 

“Vários tipos de estratégias discursivas permitiram a manutenção ou o reforço do status quo dominado por uma ideologia economicista neoliberal. Globalmente, os media mainstream sustentaram essas visões”, enfatizou. Segundo Anabela Carvalho, as transformações para a sustentabilidade são políticas porque implicam valores, visões do mundo e ideologias particulares e têm lugar em contextos e instituições moldados por relações de poder.

Também de forma online, Ilza Maria Tourinho Girardi, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), destacou a série de desastres climáticos que têm impactado o Brasil. Girardi mencionou as enchentes no Rio Grande do Sul e abordou outros eventos adversos, como os incêndios na Amazônia e a severa seca que afeta o país. Além disso, a professora alertou sobre as consequências das mudanças climáticas para a economia nacional.

A pesquisadora apontou a abordagem da imprensa em relação aos alertas sobre problemas climáticos. Na ocasião, Girardi disse que as coberturas da mídia tendem a ser pontuais, ocorrendo apenas durante os eventos, e destacou as dificuldades enfrentadas pelos jornalistas dentro dos próprios veículos de comunicação.

“Nosso papel como professores na universidade é estimular as discussões ambientais. Devemos criar grupos de alunos, que trabalhem de forma crítica e ativa para contribuir na mudança que precisamos”, completou.

O pesquisador e professor da Universidade Eduardo Mondlane, de Moçambique e professor visitante da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Celestino Vaz Tomás Jone Joanguete, abordou o conceito de comunicação inclusiva, que tem o objetivo de ser compreendida e compartilhada por todos, independentemente das diferenças individuais. Ele destacou que essa abordagem não apenas promove a justiça social, mas também desempenha um papel crucial na conscientização sobre direitos, especialmente para as pessoas de baixa renda, que são mais suscetíveis aos impactos de desastres climáticos.

O professor destacou que os sistemas de alerta são mais eficazes para pessoas sem deficiências, mas enfatizou a importância de ampliar os meios de comunicação para alcançar de maneira mais eficaz as pessoas com deficiência. Ele sublinhou que as fontes de informação dos jornalistas, geralmente provenientes do Estado, devem ser trabalhadas em conjunto, garantindo que os dados sejam expostos de forma a assegurar que todos tenham acesso igualitário à informação, especialmente em situações de emergência.

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