Texto: Bernardo Roa
Revisão: Vera Sommer
Os jornalistas têm como função principal atuar como agente informativo em prol da sociedade. Com seus textos, fotos e dados eles devem conscientizar o público geral sobre os casos mais comuns até as situações mais complexas. Mas a profissão está, cada vez mais, degradada pelas constantes fake news espalhadas por meios irresponsáveis e pessoas mal-intencionadas. Como se manter firme no combate a tais notícias falsas sem perder o interesse na própria profissão?
Esse foi o tema discutido pelo Grupo de Pesquisa de Comunicação, Mídia e Liberdade de Expressão, mediado por Carla de Araujo Risso (UFBA), e teve como palestrante João José Figueira da Silva (Universidade de Coimbra), doutor em Ciências da Comunicação. O GP foi realizado na 47ª edição do Intercom Nacional, na Univali, em Balneário Camboriú.
O debate se iniciou com a obra do escritor português “Da incerteza como princípio: Jornalismo, Democracia, Decadência da Verdade”, em que João José reflete sobre o papel da informação na sociedade contemporânea. Ele deixou explícito a dificuldade que os jornalistas passam para combater, com eficiência, a desinformação. “A desinformação é um fenômeno complexo e que, hoje, existe um pouco por todo lado. Portugal e Brasil não fogem desse problema”, constatou o pesquisador.
Com a abertura da discussão para o público ali presente, muitas perguntas surgiram na temática política e sobre as diferenças na propagação dessas fake news tanto em Portugal quanto no Brasil. O autor evidenciou que os grupos propagadores dessas notícias são parecidos, mas a propagação no Brasil é maior devido à superioridade territorial. “O discurso político no Brasil está mais radicalizado. Nós temos, em Portugal, uma força da direita com uma grande representação no Parlamento. Em todo caso, o radicalismo do ponto de vista discursivo não é tão forte e violento quanto no Brasil”, disse o doutor.