TEXTO: Cristian Saramento
REVISÃO: Vera Sommer
Mesmo com pouco ou nenhum incentivo financeiro, estudantes vieram de diversos cantos do Brasil para apresentar seus trabalhos no 47º Intercom 2024. Aline Nunes Costa, uma das jovens maravilhada com a cidade de Balneário Camboriú, veio do Mato Grosso. E o clima foi um dos maiores impactos em sua vinda para Santa Catarina: “Fazia tanto tempo que não via chuva”.
A quase 2.000 quilômetros de distância da sede do Intercom 2024, Aline fez uma Reportagem em Jornal Impresso retratando a cultura mato-grossense para participar do evento. “Entre laços e cavalos” foi o nome dado ao trabalho, inspirado no duplo sentido das palavras: “Entre e laços podem dar contexto de relações entre pessoas e a relação do laço com os cavalos”, explicou.
A produção do seu trabalho ocorreu em um semestre, pois, devido ao prazo curto para a realização da reportagem, teve que se apressar para conseguir cumprir a entrega. Aline passou três dias na cidade de Paranatinga para a execução de entrevistas e cobertura de treinos de Laço Comprido.
Segundo a graduanda, Laço Perfumado é o nome dado à categoria feminina de Laço Comprido naquela cidade, onde as mulheres não se sentem discriminadas. Outro ponto de relevância foi a parte gráfica do trabalho. Aline usou no design da reportagem elementos que fazem o leitor “conversar” com todo o conteúdo das páginas. E conseguiu, com uma colega de turma, uma ilustração do ato de laçar um boi.
O conteúdo da reportagem retrata o esporte de origem gaúcha, mas que, segundo a universitária, acabou se tornando também mato-grossense. A revista Fuzuê cedeu espaço para a publicação da sua reportagem, na editoria “Digoreste”, uma gíria regional, que se refere a uma pessoa excelente no que faz.
Câmara de gás brasileira
Genivaldo de Jesus morreu no dia 25 de maio de 2022. Homem preto de 38 anos foi preso e obrigado a respirar gás lacrimogêneo no porta-malas de uma viatura policial. Esse caso virou tema base para o trabalho de Wendal Lima do Carmo (UFS), também apresentado no 47º Intercom.
O jovem entrevistou os familiares da vítima, onde buscou saber sobre o cotidiano e o dia da morte de Genivaldo. Sua matéria contou com artes de colegas da faculdade e infográficos. A vítima era esquizofrênica e, ao longo do texto, Wendal discutiu sobre os detalhes do caso na reportagem: Cor da pele e condição social, muitas vezes, determinam qual será a próxima vítima fatal.
Evangelização indígena
A reportagem da jovem rondoniense Danielly Teodosio de Oliveira, estudante da Uniritter (RS), investiga a cultura da tribo indígena Paiter-Suruí no estado de Rondônia e a influência da ditadura militar na estrutura indígena.
Uma das maiores transformações, durante esse período, foi a evangelização da tribo indígena. Segundo a acadêmica, a maior parcela dos habitantes do estado hoje é evangélica, e os indígenas da tribo Paiter-Suruí não ficam de fora.
Angela Pappianni, uma das entrevistadas na reportagem “A gente resiste: uma reportagem sobre a formação do estado de Rondônia a partir da perspectiva do povo Paiter-Suruí”, afirma que, quando criança, lembrava de frequentar a Igreja Assembleia de Deus e de ver os pastores e missionários fazerem expedições às tribos indígenas a fim de convertê-los ao Cristianismo.